Apesar do recuo de 7% no número absoluto de fêmeas abatidas de junho ante maio, caindo de 214 mil vacas para 199 mil, o abate de fêmeas no mês respondeu por 52,1% do total de animais abatidos no período, sendo 381,8 mil cabeças. O índice é o segundo maior desde maio de 2006, quando 52,5% dos animais levados para abate eram fêmeas. O descarte de matrizes começa a preocupar o setor pecuarista, caso continuar neste ritmo no segundo semestre. Os dados são do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).
O analista de bovinocultura do Imea, Daniel La Torraca, comenta que os frigoríficos optaram por uma participação maior das fêmeas no preenchimento das escalas devido à maior facilidade de encontrar os animais no mercado. O superintendente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Luciano Vacari, afirma que apesar dos abates de fêmeasneste primeiro semestre terem contribuído para a manutenção dos abates, em vista da oferta restrita de gado, a continuidade desta participação de vacas daqui para frente se torna preocupante.
“Se em 2006 o abate excessivo de matrizes se deu por uma crise desencadeada pela desvalorização da arroba, hoje a falta de pastagem vem motivando o aumento do percentual das vacas na prática. Se não forem tomadas medidas governamentais urgentes teremos os próximos anos com reflexos negativos na pecuária estadual”, destaca Vacari. Cerca de 3 milhões de hectares de pastagem em Mato Grosso precisam ser recuperados, e o orçamento necessário para tal é de R$ 3 bilhões.
O analista do Imea explica que no primeiro semestre do ano o descarte das vacas é sempre mais acentuado. Entretanto, é nfático ao avaliar que para os próximos seis meses é necessário diminuir este percentual, senão a classe sentirá os efeitos daqui a três anos, quando o bezerro deveria se tornar um boi gordo. O abate total de bovinos em Mato Grosso, de 381,8 mil cabeças em junho, apresentou recuou após o pico de 424,5 mil em maio, e é 2,6% superior ao mesmo mês em 2010.
Porém, a manutenção do número de abates no mesmo patamar que o de junho anterior se deu em função do aumento de 65,2% o número de vacas para o corte. Com isso, do total de 2,29 milhões de cabeças abatidas no Estado nos primeiros seis meses de 2011, 1,14 milhão foram de fêmeas, representando 49,6% do total.