Os pecuaristas de Mato Grosso demonstram grande interesse em engordar seu gado através dos confinamentos. A intenção da prática para este ano é de 798.410 animais confinados, volume 34,7% superior ao registrado em 2010, com 592.834 deles. Do possível rebanho confinado, cerca de 90,2% do gado magro já foi adquirido, sendo 718.569 animais. Os dados fazem parte do 2º levantamento das intenções de confinamento em Mato Grosso, divulgado pela Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) e Instituto Mato-grossen se de Economia Agropecuária (Imea). Em relação ao 1º levantamento, feito em abril, o acréscimo das intenções foi de 3,7%. Na época estimavase 770.266 animais confinados para o ano. A disparada nas intenções é movida por fatores como aumento da rentabilidade do negócio associado às pastagens degradadas, antes mesmo da entrada da seca no Estado, dificultando a engorda do boi no pasto. Por conta do cenário descrito acima, a prática para engorda do gado se torna cada dia mais rentável, estando acima dos 20%, situação que não existia há cinco meses. “Por isso muito produtor pretende confinar. Mas tal quadro só se confirmará em novembro”, comenta o superintendente da Acrimat, Luciano Vacari.
INSUFICIENTE - Mas, apesar desse aumento, o número de animais confinados não é suficiente para atender a demanda dos frigoríficos. Mato Grosso deve abater este ano 4,5 milhões de cabeças, e o boi gordo que sai do confinamento representa 17% dessa demanda, chegando a 26% no período de pico da entrega desses animais, que acontecerá em outubro. “O confinamento não alivia a situação dos frigoríficos, pois terão que buscar os animais de campo, que estão sem pasto”, disse Vacari. Ele observa que muitos frigoríficos estão fazendo confinamento para ter uma “reserva” de boi gordo, enquanto os produtores optam em confinar por não ter pasto suficiente para alimentar o gado e os empresários – que montam uma estrutura de confinamento – confinam com uma visão empresarial de um negócio rentável.
REGIÕES - No período de um ano o médio-norte é a que mais aumentou a intenção de confinamento, com crescimento de 69,4%, saindo de 108.228 cabeças para 183.300 delas. Em seguida vem o nordeste, com incremento de 61,1%, saindo de 104.587 animais para 168.470 deles. O sudeste apresenta a menor intenção, com baixa de 18,1%. Em 2010, na região foram 157.680 bois confinados, e para este ano a previsão não chega a 129.174 cabeças. “Os produtores locais não têm para quem vender o gado, em vista do número restrito de frigoríficos no local”, comenta o analista de bovinocultura do Imea, Daniel Latorraca.
POR CABEÇA - Custo de produção está avaliado em R$ 13,78/dia O custo de produção para o confinamento em 2011 está avaliado em R$ 13,78 por cabeça/dia. A rentabilidade do produtor em cima da prática para esta temporada é de 20% sobre a receita do produtor . Os dados fazem parte do 2º levantamento de intenção de confinamento, divulgado pela Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) e Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). Dentro do custo de produção estão elencados os gastos com manejo sanitário e reprodutivo, alimentação, aquisição de animais, outros custos e custos fixos (depreciação da terra). A parte de alimentação responde por mais de 22% do custo total. Dentre os itens usados para a engorda no confinamento tem-se o concentrado (farelo de soja, caroço de algodão, milho em grão), volumoso (selagem de milho) e mineral. Quanto ao concentrado, cerca de 67,7% já foi adquirido pelo pecuarista. Em relação ao volumoso são 81,9% e ao mineral, 62,9% estão comprados.
A região norte do Estado possui 100% de toda a alimentação pronta. Mas, no caso do noroeste, apenas 20% do alimento necessário foi contraído. Isso significa dizer que as intenções de confinamento podem mudar até novembro. “Tudo vai depender de como vai se desenrolar a rentabilidade da prática daqui pra frente”, comenta o superintendente da Acrimat, Luciano Vacari.