O superintendente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Luciano Vacari, disse que a demanda por carne, principalmente externa, está dando suporte aos preços do boi gordo no Estado e não a restrição de animais prontos para abate. 'Não fomos atingidos pela seca do começo do ano e o movimento de retenção de fêmeas não está tão grande quando se fala no mercado. Além disso, os abates não diminuíram tanto, porque estamos abatendo animais mais jovens, graças ao uso da tecnologia', disse.
O Instituto de Defesa Agropecuária do Estado de Mato Grosso (Indea-MT) diz, no entanto, que nos três primeiros meses do ano o volume de fêmeas abatidas foi 11,48% menor que no mesmo período do ano passado. 'Mas se formos comparar esses abates com outros períodos anteriores, o número não difere muito', rebate Vacari. Para o abate total, o Indea estima queda de apenas 1,55% de janeiro a março na comparação com os mesmos meses de 2013.
Vacari prevê preços firmes para a arroba do boi gordo no Estado. Atualmente, a cotação média é de R$ 114 à vista e R$ 115 a prazo, livre de Funrural. Para 2015, o superintendente aguarda uma redução significativa da oferta de boi gordo e de bezerros em Mato Grosso, o que poderá dar suporte adicional aos preços.
Sobre o confinamento no Estado, Vacari disse ser difícil fazer uma projeção neste momento. 'Ainda dependemos de como estarão os valores do boi magro e da alimentação dos animais. Hoje, os valores de venda estão atrativos, mas precisamos ver como ficará a renda da atividade, com os custos de produção', declarou. Entretanto, o dirigente ponderou que, 'se tudo ficar bem' em termos de custos, Mato Grosso pode confinar mais neste ano do que as 700 mil cabeças do ano passado.
Mataboi - A Acrimat foi uma das associações atuantes nas negociações entre os pecuaristas do Estado e o Mataboi na formulação das condições de pagamento aos credores do frigorífico no âmbito do processo de recuperação judicial. A notícia do protocolo na Justiça do pedido de encerramento da recuperação judicial do Mataboi animou a entidade.
'Eles deram demonstração de que queriam continuar na atividade. Os pecuaristas sempre querem que as empresas que entraram nesse processo se restabeleçam, que continuem com os abates. Temos que comemorar e muito', acrescentou. Ele lembrou que, no Estado, o Frialto também está cumprindo seu plano de pagamento aos credores e com as atividades de abate normalizadas.
Entretanto, a concentração de abates no Estado não mudou, ressaltou Vacari. 'A JBS continua com 50% dos abates em Mato Grosso, sendo até 100% no nordeste do Estado. O restante está distribuído entre três unidades do Frialto, uma do Mataboi, duas da Marfrig e duas a serem assumidas pela Minerva, após aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Não entrou 'gente' nova no Estado', declarou.
Fonte: Agência do Estado