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Carta Boi: A influência das eleições no mercado do boi gordo

Política e economia andam lado a lado. Quando as coisas não estão bem no campo político, a economia se retrai e o contrário também é verdadeiro.

Em 2018 teremos eleições presidenciais e o resultado das urnas decidirá o rumo da economia.

Em anos de eleições há uma injeção de capital na economia, o que de certa forma estimula o consumo da população.

Mas para entender o verdadeiro impacto das eleições no mercado do boi gordo, é preciso compreender a volatilidade de preços da arroba no decorrer destes períodos.

O comportamento de preços da arroba durante o ano

Historicamente, em média, a cotação da arroba do boi gordo é maior no segundo semestre em relação ao primeiro. Os menores preços, sazonalmente ocorrem em maio e as máximas ocorrem em novembro.

Alguns fatores levam a esse cenário e o primeiro deles, é o consumo de carne vermelha pela população.

Sabemos que no início de ano a população carrega as dívidas acumuladas no fim do ano anterior e, menos capitalizado, o consumidor diminui o consumo de carne vermelha.

Outro ponto que também deve ser considerado é que durante a quaresma¹ uma parte da população deixa de consumir carne vermelha, e isso impacta na demanda. O Brasil é o país com maior concentração de católicos do mundo².

Além da retração da demanda, outro fator que influencia a cotação é o acumulo de oferta no primeiro semestre.

Após o final do período das águas, geralmente entre abril e maio, elevado volume de boiadas é destinada ao abate. É a desova de fim de safra.

Junto a essa desova, em anos em que o mercado de reposição não está atraente, maior quantidade de fêmeas vai para o abate, principalmente nos primeiros meses do ano, pois nesse período há também o descarte das matrizes que não emprenharam na estação de monta.

Com isso, a oferta para os frigoríficos é maior, o que naturalmente pressiona para baixo a cotação da arroba.

No segundo semestre, o menor volume de boiadas para abate durante o período seco, somado à recuperação no consumo da população, principalmente no último trimestre, tendem a dar fôlego para a cotação da arroba.

É claro que este cenário ao longo do ano não é uma regra, de modo que em alguns anos observamos preços maiores no primeiro semestre frente ao segundo. A relação demanda e oferta pode ser atípica, o que quebra esta lógica.

Mas será que as eleições influenciam este conjunto de fatos?

Acompanhe a análise.

Eleições x preços da arroba

O ano eleitoral é sempre um divisor de águas, a partir dele é possível projetar qual será o futuro econômico provável das cidades, estados e do país em quatro anos.

Também sabemos que nestes anos, há maiores investimentos na economia, o que deixa a população mais capitalizada para consumir e consequentemente aquecer o mercado interno.

Esse efeito é sentido diretamente no mercado do boi gordo.

Na média, em anos de eleições, municipais e presidenciais desde 1996, a cotação da arroba do boi gordo, no segundo semestre subiu 8,5%. Este número está acima da média de todos os anos desde o início do plano real, cuja média é de 7,5%.

Apesar dos anos eleitorais representarem, em média, melhor desempenho que os anos sem eleições, retrações também aconteceram, casos de 2012 e 2016. Isso porque a queda natural do consumo, devido às crises econômicas não alavancou os preços da arroba.

Após dois anos de recessão devemos fechar este ano com o PIB positivo e as projeções para 2018 apontam para um PIB com crescimento de 2,5%³.

Além disso a inflação, que chegou a 11% em 2015, deve ficar abaixo da meta de 4,5% do Banco Central³.

Outro fator que mantém as expectativas boas para 2018 são as projeções de taxa Selic ancoradas em 7%³.

A somatória destes fatores indica uma recuperação econômica no país.

A taxa de desemprego está caindo e deve continuar caindo no ano que vem. Consequentemente o consumo das famílias deverá se recuperar.

Com esse cenário a favor, sabendo que a carne vermelha possui elevada elasticidade renda, o consumo tende a melhorar em 2018, o que poderá proporcionar preços firmes para a arroba do boi gordo.

Entretanto, a escolha do próximo presidente poderá afetar diretamente todos estes indicadores, e diante disso não há como prever com clareza a situação futura.

Conclusão

Historicamente em anos eleitorais, em média, a cotação da arroba do boi gordo sobe no segundo semestre frente aos anos sem eleições.

Porém apesar do peso das eleições, a variação da cotação da arroba no segundo semestre depende mais da conjuntura econômica, do que propriamente pelas eleições, isso ficou evidente em 2012 e 2016.

Para o próximo ano eleitoral, as projeções indicam um cenário econômico confiante para o Brasil.

Entretanto a escolha do presidente definirá se o país continua em recuperação ou regride para uma nova recessão.

O cenário político está incerto.

A sorte está lançada.

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