O fim do embargo russo à carne brasileira pode acontecer nas próximas semanas, afirma o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (Abpa), Francisco Turra. Se a restrição for retirada, as exportações de carne suína devem superar o total do ano passado, quando o Brasil enviou ao exterior 693 mil toneladas.
“Nós estamos mais do que necessitados da reabertura, e tem sido feito tudo o que é possível. O ministro Blairo esteve em encontro na Alemanha com autoridades russas. Contatos permanentes agora posteriores, até mesmo do presidente da República, para que retornem imediatamente as importações de carne bovina e suína”, diz Turra.
Problemas nas exportações
Em janeiro, os embarques brasileiros da proteína suína tiveram queda de 23% em comparação com igual período de 2017. O embargo russo aos produtos brasileiros e a falta de fiscais agropecuários em plantas frigoríficas foram decisivos para o mau desempenho, segundo o presidente da Abpa.
Turra diz que 40% da carne suína exportada pelo Brasil exporta é para a Rússia. Além do embargo russo, a proteína também não entrou via Ucrânia, o que gerou um represamento da demanda.
Sobre a ausência dos profissionais,Turra afirma que há muito tempo o ministério buscava autorização para concursos, porque, com as aposentadorias, o quadro de funcionários diminuiu. “Nós alertamos várias vezes, nada aconteceu e finalmente o ministro Blairo conseguiu em contrato emergencial trazer fiscais que estão agora em fase de capacitação e treinamento. Eles ainda não estão na ativa nas plantas”, conta.
Reflexos no mercado interno
A queda nas exportações pressionaram o preço do produto internamente. Em São Paulo, o quilo do suíno vivo caiu 7% desde o início do ano. Para o analista de mercado, Cesar Castro Alves, as cotações devem voltar a subir nos próximos meses com o aumento do consumo.
Não há mais espaço para queda no preço do suíno sem que o setor entre no vermelho. Por outro lado, a tendência é de recuperação. Passando o Carnaval, o consumo deve melhorar gradativamente e isso volta a dar sustentação para o suíno. O desenho é daqui para melhor em que pese o mês de janeiro difícil”, explica Alves.
Outro ponto importante é o custo de produção que vai ficar menor este ano. O bom rendimento das lavouras de milho e soja vão garantir preços estáveis para os grãos ao longo do ano. “Não tem nada, por enquanto, depondo contra a safra americana, então os custos devem ficar mais baixos e isso é um grande vetor para o ritmo de produção”, conclui o especialista.