65 3054 5323 Av. Ten. Coronel Duarte, 1585
Dom Aquino - Cuiabá / MT

Gado Facil

Notícias
Como os confinamentos estão transformando bovinos em “atletas de alta performance”?

Em entrevista ao Giro do Boi desta terça, 27, o engenheiro agrônomo Felipe Bortolotto, consultor técnico nacional de bovinos de corte da Cargill, compartilhou os resultados do 5º Benchmarking de Confinamento da companhia e explicou como os confinamentos estão aproveitando o ritmo de olimpíadas para transformar os bovinos, tanto machos como até as fêmeas de descarte, em verdadeiros “atletas de alta performance” no cocho a partir de uma série de ajustes dentro da fase de engorda intensiva.

“Eu acredito que nós estamos num processo evolutivo de mudança mesmo. Quando a gente começa a olhar para outros países que fazem a engorda intensiva há mais tempo, a gente vê a maturidade que a turma de fora tem e o que o Brasil está buscando. Uma coisa que é fato é que a gente está cada vez mais aumentando a permanência dos animais no cocho, ou seja, os animais vão sair para o abate mais pesados e isso faz com que várias técnicas dentro do dia a dia tenham que ser melhoradas. Você tem que ser melhor nas suas rotinas, melhor na leitura, porque você vai entender a permanência dos animais, melhor na ronda sanitária, tem que trabalhar sanidade de casco, sanidade ambiental, sombreamento… O que o brasileiro está realmente entendendo é que não é mais aquele tirinho curto de 60 dias, é o tiro de 120, 150 dias. Ele está entendendo que ele precisa processar grãos para melhorar absorção do alimento que ele está dando para os animais, ele aprendeu que ele precisa apartar melhor o gado, formar lotes mais homogêneos. Então é um processo de muitos fatores”, resumiu Bortolotto.

O especialista comentou como os confinadores estão buscando alternativas para melhorar o aproveitamento da dieta oferecida. “O que a gente tem visto é realmente uma adoção cada vez maior no processamento dos grãos. São técnicas desde a silagem de grão úmido, snaplage, buscando até grão úmido de sorgo, fazendo uma melhor moagem do grão seco. […] Outra coisa que a gente tem visto realmente é uma utilização estratégica dos coprodutos. Hoje tem DDG de milho chegando, tem vários outros coprodutos da soja, como o melaço de soja, enfim, os produtores têm trabalhado estrategicamente melhor os ingredientes, têm processado mais os grãos e a gente tem visto o nível de energia aumentando a cada ano. A gente viu que o animal no cocho, já que nós estamos no período de olimpíadas, tem que ser um ‘atleta de alta performance’. Então não dá para pôr o animal no cocho e querer tratar com uma dieta bamba. Ele tem que entrar lá e ser bom de conversão. Hoje a gente já tem dieta sem nada de volumoso porque, às vezes, sua estrutura não permite a produção de volumoso e a gente consegue formular uma dieta sem volumoso”, exemplificou.
O consultor destacou também os avanços no manejo sanitário dos bovinos, cuja evolução ocorre não somente via protocolos, mas também por meio de ações paralelas. “Evoluímos muito (na sanidade). Isso fica nítido no nosso levantamento. Teve uma evolução desde protocolos de entrada, recebimento. Hoje em dia […] tem muita unidade com uma dieta de recepção, ou seja, esse animal chega e primeiro ele recebe uma comida de quem viajou mesmo, de quem está vindo de uma condição de seca ‘braba’, que veio de um transporte de cinco, seis, dez horas de caminhão. Então primeiro tem que ter uma recepção. Depois eu faço adaptação e depois eu chego na terminação. Então esses programas nutricionais melhoraram, melhorou o pacote sanitário, os protocolos sanitários de entrada, melhoraram também as tecnologias para esse animal viajado. Nós mesmos temos tecnologias […] tanto para transporte de animal, para repositor eletrolítico, tanto para chegada, para o animal que está estressado e precisa de uma carga mineral e vitamínica maior. Tudo isso hoje tem no mercado e a turma está usando”, lembrou o consultor da Cargill.Bortolotto detalhou o estudo que levou a tais observações sobre a evolução do confinamento de gado de corte no Brasil. “Foi a nossa 5ª edição do Benchmarking Cargill de Confinamento, então a gente já está com esse trabalho de cinco anos. […] Nesse ano de 2020, que são os dados que a gente analisou, foram 71 confinamentos, mais de 608 mil cabeças avaliadas, e foi o primeiro ano que a gente trouxe dados de fêmeas também para análise. A gente instituiu um comparativo dos 20% melhores confinamentos e conseguimos fazer uma análise econômica bem profunda. […] Como eles estão em relação a lucro, índices zootécnicos, produção de arrobas, em gestão de pessoas, tudo isso está no benchmarking. E depois eu consigo olhar (e comparar) na coluna dos top 20%. […] O que esse confinamento produz mais arrobas? Por que a conversão alimentar dele é melhor? Qual o perfil de dieta que ele tem? Então o nosso benchmarking desse ano trouxe novas informações […] Foi assim que a gente se preparou para esse ano de 2021”, contou.

O consultor justificou a importância de um estudo de benchmarking relativo aos confinamentos de gado de corte no Brasil. “Não tem como a gente se planejar para frente se eu não entender como foi o passado e realmente traçar as tomadas de decisões para melhorar no futuro. A gente brinca que a gente quer ter erros inéditos. Errar coisa que você já está errando na pecuária faz tempo não dá mais!”, brincou. “E lembrar que o patamar que chegou a pecuária, no valor do ativo que está a arroba, nos preços dos alimentos, não dá mais para você tomar decisões no escuro. Então o benchmarking, uma comparação, você pode olhar na sua região para produtores do seu tamanho ou para produtores que estão fazendo melhor do que você e se perguntar: por que aquele produtor foi melhor do que eu? O que ele está fazendo? Então hoje em dia a gente tem que comparar”, sustentou.
Entre as tendências apontadas no levantamento está a entrada de um animal mais leve para o recebimento da dieta intensiva. “A gente entende que é uma tendência. Embora no benchmarking tenha sido registrado o mesmo peso de entrada de um ano para o outro (2020 para 2021), a gente acredita que esse peso de entrada vai diminuir ao longo do tempo, ou seja, a gente vai entrar com animais de eras mais novas, animais um pouco mais leves porque eles são mais novos e a permanência em cocho vai aumentar. A gente vê que a permanência aumentou, mas o peso de entrada continua. Hoje o peso médio de entrada, no levantamento, foi de 390 kg, mas a gente acredita que este indicador vai ser reduzido a 360 kg e vai chegar a até 340 kg nos próximos cincos anos”, projetou.
Conforme apontou Bortolotto, a terminação de fêmeas em confinamento, novidade do 5º benchmarking, também tem uma tendência de crescimento. “Realmente é uma realidade, principalmente para os programas de carne de qualidade, e também porque a turma da reprodução não tem mais permitido a chance para esses animais. Então está aparecendo muitas fêmeas jovens que participaram de um programa de precocinhas, que foram desafiadas, ficaram vazias e que vão ser terminadas em cocho com qualidade de carne excepcional. A fêmea tem um desempenho um pouco menor do que os machos, porém nos nossos dados ficou bem nítido que o confinamento de fêmea bem tocado pode ser comparado ao de macho”, constatou.TRIPÉ PARA O SUCESSO

Bortolotto frisou quais são os três principais diferenciais da turma que compõe os top 20% entre os confinadores do benchmarking. “O que dá para ver é que é uma turma muito boa de compra de insumos, ou seja, tem capacidade de estocagem, faz bons contratos, compra na hora certa e isso permite ter uma dieta competitiva o ano todo. Essa é uma ótima dica e a gente tem levantado essa bandeira. Outro ponto é a turma que processa grão muito bem feito. Então é a turma que usa grão úmido, vai colher um snaplage, vai fazer estrutura não só do milho ou do sorgo triturado, vai fazer um negocinho a mais ali para o animal comer. São duas coisas que essa turma dos top 20% fazem muito bem. E o terceiro ponto que eu citaria é a equipe, a rotina, a gestão, o dia a dia, pessoas. A gente vê que os top 20% têm um time querendo fazer a produção de carne bem competitiva. Eu colocaria esse tripé: a compra de comida, o processamento de grãos e a equipe de rotina. Porque confinamento é rotina, é todo dia do mesmo jeito, sábado e domingo”, observou.
O consultor da Cargill compartilhou a projeção da companhia para o volume de gado confinado em 2021 depois de um começo de primeiro giro relativamente lento. “A gente acredita realmente que haverá um crescimento no mercado. A gente não tem números oficiais, tem a nossa conversa do dia a dia no campo, do que a gente observa, como aumento de linhas de clientes para aumentar capacidade estática do confinamento, a gente percebe boiteis com uma demanda muito grande, e a seca acelera isso. As águas já vieram com pouca chuva e isso também aumentou muito a demanda pelo cocho. Então a gente acredita que vai haver um crescimento em relação ao número de animais confinados do ano passado para esse ano de 2021. Ainda é muito cedo para falar em números, mas eu acredito que nós vamos confinar mais do que confinamos no ano passado”, confirmou. A estimativa é que em 2021 o País possa até ultrapassar a marca das sete milhões de cabeças terminadas em cocho.

Como último recado, Bortolotto reforçou a importância da celeridade na tomada de decisão dentro da pecuária intensiva. “Uma dica que eu poderia falar é que você não pode deixar o pasto esturricar para você ver que está com a capacidade de suporte baixa na fazenda e o gado começou a escorrer. Demorou, errou. Esse é um ponto que eu destacaria: tomar atitude mais rápido, se cercar de bons profissionais de empresa parceiras para poder tomar essa atitude rápido e outro ponto eu comentei dos erros inéditos”, concluiu.

Notícias
Parada nas indústrias frigoríficas reflete no preço do boi Mercado da bovinocultura de corte sofre mais um revés. Os preços da arroba do gado em Mato Grosso apresentam tendência de baixa com a realocação de abates para junho e julho, após paralisação dos frigoríficos durante uma semana em maio, por causa da interrupção no transporte rodoviário de cargas durante 10 dias. Com o aumento da oferta de animais,
Mercado do boi gordo segue com rumo indefinido Na última sexta-feira (8/6), a cotação da arroba do boi gordo subiu em duas praças e caiu em uma. Destaque para a região Sul de Goiás onde a alta foi de 2,0% na semana. Nas regiões onde a oferta de boiadas ficou represada durante a greve dos caminhoneiros, os compradores aproveitam para alongar as programações de abate e pressionar o mercado.
Pressão da baixa no mercado do boi gordo se dispersando Apesar do viés baixista ainda caracterizar este período do mercado, a intensidade da queda diminuiu e gradativamente o rumo tomado está caminhando para o equilíbrio. A concentração intensa da oferta de boi gordo parece ter ficado para trás e aos poucos os compradores têm mais dificuldade para impor preços abaixo das referências. Contudo,
Ajuste de oferta e concorrência com aves são os desafios dos frigoríficos Em um ano de incerteza quanto à recuperação do poder de compra da população, os frigoríficos brasileiros terão pela frente o desafio de ajustar a oferta de carne bovina à demanda para garantir margens mais folgadas no segundo semestre, avaliam analistas. “Ainda não está claro qual será o ritmo e o tamanho da recuperação econômica. Neste começo
Mercado do boi segue pressionado Maio apenas começou, mas por enquanto, mesmo com o feriado da última terça-feira (1/5) e, consequentemente, um dia a menos de compra, o rumo do mercado do boi gordo ainda é de queda. A maior oferta de boi gordo e vaca gorda, boa parte decorrente do aumento do descarte de fêmeas, tem sido suficiente para atender a demanda e possibilitar às indú
Vacinação começa dia 1º de maio Começa na próxima terça-feira, 1o de maio, a vacinação contra febre aftosa em Mato Grosso. Nesta 1a etapa, bovinos e bubalinos de todas as idades deverão receber a vacina. O número de animais que serão imunizados está estimado em 30 milhões de cabeças, segundo o Instituto de Defesa Agropecuária (Indea). Há 22 anos, o Estado não registra a doen
Oferta aumentando e arroba do boi gordo caindo Mercado do boi gordo com viés baixista. O aumento da entrega das boiadas permite melhor programação por parte das indústrias. O resultado disso são compradores pressionando o mercado com maior firmeza. Em Mato Grosso, houve desvalorização no preço a prazo do boi gordo em todas as praças pesquisadas na última quarta-feira (18/4). Em S
Apesar de travado, o mercado do boi gordo pode sofrer alterações no curto prazo Analisando um período maior, de maneira geral, o cenário é de indústrias com baixa intensidade nas compras, testando preços abaixo das referências e pecuaristas retendo boiadas esperando melhores condições para negociar. Este cenário de baixa intensidade de compras é em função do lento escoamento da carne bovina. Desde o início do ano até aqu
Apesar de ajustes, cenário é de estabilidade no mercado do boi gordo Mercado do boi gordo estável na última quarta-feira (14/3), com oferta maior de fêmeas em algumas regiões, mas também com retenção pelos produtores. A dificuldade no escoamento da produção pode afetar o mercado atacadista de carne bovina nos próximos dias. Cabe a ressalva de que o volume do abate de bovinos tem sido expressivo. Ou seja, o
Embargo russo à carne brasileira pode acabar nas próximas semanas, diz ABPA O fim do embargo russo à carne brasileira pode acontecer nas próximas semanas, afirma o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (Abpa), Francisco Turra. Se a restrição for retirada, as exportações de carne suína devem superar o total do ano passado, quando o Brasil enviou ao exterior 693 mil toneladas. “Nós estamos mais do que nec
agência dream