Em abril se estimou que o número de animais terminados no cocho ficaria em torno de 1 milhão de cabeças, o que seria recorde histórico para o segmento no Estado. No entanto, o primeiro levantamento oficial apresentado pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), em maio, mostra que menos de 810 mil sairão do pasto para serem ‘fechados’.
Em abril, durante um seminário promovido pela Associação Nacional dos Confinadores (Assocon), em Cuiabá, se estimou que o confinamento de bovinos no Estado poderia crescer 19,6%, percentual que superaria a média nacional (19%) e poderia colocar Mato Grosso na disputa pelo primeiro lugar em terminação no cocho com Goiás, estado que no ano passado confinou mais de 1 milhão de cabeças, maior volume do país. Naquele mês, a projeção positiva estava alicerçada na safra de milho que traria uma generosa oferta do cereal, uma das principais matérias-primas utilizada na ração animal.
Mas, neste intervalo de tempo as expectativas passaram para o terreno da cautela e estão mais conservadoras quando comparadas ao mesmo levantamento de intenção do ano passado. Conforme o Imea, em abril de 2012, eram esperados que 929,9 mil cabeças fossem confinados. Para este ano são esperados que 809,56 mil cabeças sejam ‘fechadas’, uma redução de 12,9% em relação à intenção de abril de 2012, porém, alta de 2,1% na comparação com o que foi efetivamente terminado em confinamentos no ano passado 792,7 mil cabeças. A pesquisa atual é a primeira de uma série de três que são anualmente encomendadas pela Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) ao Imea, sendo a primeira em abril, a segunda em julho e a última trazendo o fechamento do ano em novembro.
O superintendente da Acrimat, Luciano Vacari, explica que a decisão por confinar envolve fatores além do preço da ração, ou dos grãos, que é a principal matéria-prima. “Apesar de os preços do milho estarem em queda, não é só isso que pesa na hora de decidir confinar. O principal fator decisivo é o mercado. Sem o boi estar valorizado, não compensa confinar. O preço da arroba tem que compensar o investimento do confinamento”, que considerando a realidade individual de cada propriedade, pode custar o dobro do valor necessário para se produzir uma arroba no pasto.
E o mercado tem feito a diferença na hora de fechar contratos futuros. O levantamento do Imea mostra que as ferramentas para diminuição do risco de oscilação de preços estão sendo pouco utilizadas em Mato Grosso. Das 809,56 mil cabeças que serão irão ao confinamento em 2013 apenas 3% estão "travadas" em Bolsa e outros 3% estão com contratos a termo fechados com os frigoríficos. Estes percentuais estão bem abaixo dos registrados na temporada passada, quando o número de bovinos "travados" em Bolsa era de 8,94% e os negociados a termo com a indústria era de 10,82%.
Conforme os analistas de pecuária do Imea, o cenário atual para o confinamento é semelhante ao verificado o ano passado, quando, em abril, os preços de milho e o boi gordo futuro na Bolsa apontavam para um cenário favorável ao confinador. No entanto, tal cenário de custos com alimentação mais barata não foi concretizado, culminando com a redução dos animais confinados. “Deste modo, os pecuaristas estão mais conservadores e de fato esperando um cenário mais concreto com relação aos custos com alimentação dos bovinos”.
Outra constatação do levantamento da intenção de confinamento é que a maior parte do dos bovinos confinados no Estado serão entregues no mês de outubro (20%), seguido pelo mês de setembro (17%) e novembro (16%). Este cenário é diferente ao registrado em 2012, ano em que novembro concentrou a maior parte dos bovinos confinados entregues, seguido por outubro e depois setembro.
Fonte: Diário de Cuiabá