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Exportação de carnes tropeça em ano de aposta

A exportação de carnes brasileiras teve redução em janeiro, tanto em relação a dezembro quanto na comparação com o início do ano passado, mostram as avaliações mais recentes. A desaceleração tem relação direta com a crise na Rússia, um dos principais compradores de carnes do Brasil. O país enfrenta problemas econômicos com a baixa nos preços do petróleo (seu principal produto de exportação), e a consequente desvalorização de sua moeda – impactos de sanções após conflitos com a Ucrânia.

A carne bovina lidera a queda, com volume 26% menor que o exportado em janeiro de 2014 – diminuição de 130 mil toneladas para 96 mil toneladas.

O faturamento caiu 23% na mesma comparação, de US$ 555 milhões para US$ 426 milhões, segundo dados da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec). Em dezembro do ano passado, foram exportadas 137 mil toneladas, gerando faturamento de US$ 640 milhões – 33,4% maior que o faturamento atual.

“Já esperávamos que houvesse uma desaceleração: janeiro normalmente não é um bom mês. E agora, além da crise na Rússia, há a dificuldade de distribuição neste período, porque as novas cotas dos importadores do país ainda não foram definidas”, avalia o diretor da Abiec, Fernando Sampaio.

“Tivemos queda muito acentuada nos embarques para a Rússia, o que fez as exportações caírem como um todo. E embora o câmbio esteja favorável, preço do boi alto no Brasil torna nosso produto mais caro”, diz o presidente da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), Péricles Salazar. Segundo ele, o prejuízo abrangeu toda a indústria de carne bovina. “Não temos os números ainda, mas podemos afirmar também que o abate caiu em janeiro”.

A Rússia foi o segundo maior comprador de carne bovina brasileira em 2014, com volume total de 314,8 mil toneladas importadas e faturamento de mais de US$ 1,3 bilhão.

Na comparação de janeiro de 2015 com o mesmo período do ano anterior, a queda no volume exportado foi de 60%, de 23,1 mil toneladas para 9,2 mil toneladas. O faturamento foi 66,4% menor, de US$ 86,5 milhões para US$ 29 milhões.

A redução no volume de importações foi menor, de 5,8% ante dezembro (para 9,8 mil toneladas). Mas houve mudança na cesta de produtos importados pelo país. “Os cortes mais caros foram deixados de lado”, comenta Sampaio.

Queda chega perto de 10% ante clientes de carne branca

Para a carne de frango, a redução na exportação foi de 9,8% em janeiro, com embarques de 277,7 mil toneladas, contra 307,8 mil toneladas do mesmo período de 2014. O faturamento foi de US$ 494,4 milhões no mês, 14,3% menor que há um ano (US$ 577,2 milhões).

Segundo o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra, além da crise, há influência de problemas logísticos em portos do leste europeu, devido ao inverno rigoroso.

“Entramos em um ano complicado. Participamos agora de um evento em Dubai [Gulfood, evento mundial de alimentos], que mostrou retração no mercado externo. Estão preocupados com a crise russa, que também atinge a China e a União Europeia, e com a crise econômica e política brasileira”, observa Turra.

Dentre os grandes importadores de frango, houve queda de 19,4% na Arábia Saudita, de 37,8% em Hong Kong e de 22% na União Europeia .

Queda chega a 19% mesmo com melhor condição sanitária

A carne suína teve recuo de 19,1% em janeiro nas exportações brasileiras, com volume de 28,9 mil toneladas, contra 35,7 mil toneladas de janeiro de 2014. A receita total foi de US$ 73,3 milhões, desempenho 19,9% inferior a janeiro do ano passado (US$ 91,5 milhões).

O maior importador de carne suína do Brasil é o mercado russo, que registrou queda de 8,3% nas compras em janeiro, na comparação com o mesmo período do ano passado. Foram 10,5 mil toneladas neste ano, contra 11,4 mil toneladas em 2014.

Segundo o presidente da Abrafrigo, com a possibilidade de abertura de novos mercados e queda de barreiras sanitárias em 2014, a expectativa era de aumento de exportações. “A indústria se preparou para a demanda, mas as condições de mercado mudam muito rápido. No entanto, como muitas empresas já estão habilitadas, estamos prontos para exportar mais se o mercado retomar o ritmo”, diz.

Fonte: Gazeta do Povo

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