Crescimento no abate de fêmeas e no número de animais confinados no
Estado proporcionou o envio de 2,706 milhões de bovinos aos frigoríficos
entre janeiro e julho deste ano. Volume atingido é o maior desde 2007,
quando cerca de 3 milhões foram saíram dos pastos. Em julho foram 407,1
mil cabeças, número surpreendente por estar no começo da entressafra,
período em que os abates tendem a diminuir e os preço subirem.
Total de abate em julho também supera os animais abatidos em igual mês
do ano passado, quando foi registrado 371,9 mil e maior também do que o
número de julho de 2009, quando 368 mil animais foram para as
indústrias. Esta evolução é consequência do crescimento da
comercialização de fêmeas, que somente neste ano representaram 49% dos
abates, índice que no ano passado era de 35% e em 2009 de 39%. Em 2011,
até o 7º mês foram abatidas 1,3 milhão de cabeças.
Gestor do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea),
Daniel Latorraca, explica que o envio das fêmeas à indústria foi
influenciada pela menor reprodução e também por problemas de pastagem,
que forçou o produtor a reduzir o rebanho. Outra característica desta
safra foi o aumento do confinamento. Em 2011, a prática está 34%
superior a 2010 e somente no mês de julho, o envio de animais dos
confinamentos ao abate cresceu 53%, passando de 41,5 mil para 53,7 mil
cabeças.
No total foram confinadas 798 mil cabeças este ano ante 593 mil em 2010.
Razões para o investimento no formato de cria e engorda estava na
expectativa de valorização contínua da arroba do boi e bom preço de
grãos até o ano passado. A realidade, porém, foi outra para pecuaristas.
Conforme explica Guilherme Tonhá, que possui um dos maiores
confinamentos do Estado, no ano passado o milho estava muito mais barato
e depois de agosto, quando a arroba do boi começou a subir, aumentou
perspectiva de lucro para o setor.
“O produtor esperava que arroba chegaria a R$ 100 neste período e não
contava com a valorização do milho. Então aumentou o número de
confinados e agora os frigoríficos estão conseguindo segurar o preço
neste período de entressafra”. Além disso, Tonhá explica que os
principais frigoríficos investiram em confinamento, alugando espaço e
preparando o rebanho para esta época do ano. “Assim, com a quantidade de
animais que as empresas possuem elas garantem pelo menos metade dos
abates e assim pressiona o pecuarista”.
Segundo o superintendente da Associação dos Criadores de Mato Grosso
(Acrimat), Luciano Vacari, surge ainda uma outra modalidade de produção,
que seria o semiconfinamento, que consiste, na prática, em fazer a
suplementação alimentar. “Desta maneira, o pecuarista consegue fazer com
que o animal ganhe peso sem precisar fazer grandes investimentos”,
afirma Vacari ao comentar que o semiconfinamento pode ser realizado por
produtores de pequeno e médio portes.
Para ter renda, o confinamento precisa de gestão, como explica Daniel
Latorraca. “É preciso fazer levantamento de preços, perspectiva de
mercado, controle de custo, para que se tenha lucro”.
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