Uma comissão de monitoramento e controle de sanidade animal, sacrificou em Mato Grosso, na última semana de outubro, o último de animal de origem estrangeira no Estado. Ação aconteceu em uma fazenda, 96 quilômetros de Porto Esperidião, e é indicada para animais que venham de países que registraram casos de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), internacionalmente conhecida pela sigla BSE (Bovine Spongiform Encephalopathy). Nos últimos dois anos, a Comissão de Sacrifício Animal de Mato Grosso rastreou, monitorou e sacrificou 11 animais que vieram de outros países para o Estado.
Seguindo o protocolo de sanidade animal, é obrigatória a análise de tecido encefálico para se excluir o risco de EEB, vulgarmente conhecida como “mal da vaca louca”. O material coletado é enviado para o Laboratório Nacional Agropecuário (Lanagro), em Pernambuco, e os resultados são devolvidos ao Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e Instituto de Defesa Agropecuária do Estado de Mato Grosso (Indea), para comprovação de não ocorrência da doença e manutenção do status sanitário brasileiro de risco insignificante para EEB. O animal, uma vaca originária dos Estados Unidos, entrou no Brasil ainda bezerra, em 2004, e agora com 14 anos, estava fora de vida produtiva.
O controle de entrada de animais estrangeiros em MT é realizado pela Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (SDA/Mapa) e INDEA, via SISBOV – sistema de rastreamento da bovino. Desde os primeiros casos de EEB, qualquer animal estrangeiro que entra no Estado é avaliado e os técnicos orientam o proprietário do animal sobre os protocolos de sanidade. No caso da vaca de Porto Espiridião, o rastreio vinha sendo feito há tempos, acompanhando a vida útil do animal e em contatos constantes com o proprietário. O gerente de relações institucionais da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) e médico veterinário, Nilton Mesquita Jr, que integra a Comissão destaca que o trabalho em conjunto para fechar esse processo. “O procedimento de análise de tronco encefálico é obrigatório, e sua coleta se dá por sacrifício ou aguardamos a morte do animal – e esse ponto é uma opção do criador. Nesses últimos dois anos, através de movimento de conscientização realizado pela comissão, os pecuaristas que ainda tinham esses animais, entenderam a importância do controle e análise de material via sacrifício” explica Nilton, que participou em Porto Esperidião, ainda destaca a importância do trabalho em conjunto entre as entidades. “O alinhamento e comprometimento entre o MAPA, o INDEA e Acrimat, através dos trabalhos da Comissão, foi crucial nos casos que ainda tínhamos no Estado. Isso confere a Mato Grosso agora, uma situação privilegiada de não ter nenhum animal com registro de importação em seu território”, destaca Nilton.
Criada em 2001, a Comissão é composta por médicos veterinários do MAPA, INDEA e ACRIMAT. “Nos últimos dois anos, 11 animais rastreados já foram abatidos, e desde 2001, foram 50 deles. O caso em Porto Esperidião era o último acompanhamento de animal estrangeiro em MT. A comissão rastreia, avalia, sacrifica e abre o processo indenizatório do animal. O monitoramento continua agora nas propriedades e frigoríficos na vigilância contínua da mitigação de risco”, destaca Donizete Mesquita, fiscal federal agropecuário do Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, em Mato Grosso.
Outro fator decisivo para manutenção do status de risco insignificante em Mato Grosso, é sua vocação de “boi a pasto”, é o que afirma Francisco Manzi, médico veterinário e superintendente da Acrimat. “Com 80% dos animais criados exclusivamente em pastagens, as rações não contêm nenhum ingrediente de origem animal, principal fonte de contaminação da EEB. A monitoramento que vem de fora do Brasil, afasta ainda mais os riscos’, destacava Manzi.
Nos dois últimos casos em especial – Primavera do Leste e Porto Esperidião, a Acrimat participou ativamente tanto do sacrifício, quanto no processo de condução e conscientização com os produtores envolvidos. “Mato Grosso, como maior produtor nacional de carne bovina, é extremamente comprometido as questões de sanidade animal. Os produtores e a Acrimat participam diretamente, seja com investimentos, seja com a representatividade, dessa manutenção do status sanitário estadual”, destacou Nilton Mesquita Jr.
A EEB:
A Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB) é uma enfermidade degenerativa não-contagiosa que afeta o sistema nervoso central de bovinos, causada por uma proteína infectante chamada “príon”. Existem dois tipos conhecidos de EEB em bovinos, que são as formas clássica e atípica.