Uma missão brasileira está na Argélia para recuperar as exportações de carne bovina, que perderam espaço na África e nos países árabes para a carne de búfalo da Índia. “Nossa carne ficou muito cara nos últimos anos, mas o produto indiano está enfrentando problemas nos países árabes”, diz o diretor-executivo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), que falou com o Sou Agro nessa segunda-feira (23), de Argel.
Os trunfos dos exportadores brasileiros nas negociações são, principalmente, a qualidade e a sanidade da carne bovina. “O Egito, por exemplo, proibiu a importação de carne indiana depois de encontrar cisticercose viva no produto”, recorda Sampaio. Já a carne brasileira não enfrenta esse tipo de problema.
No quesito qualidade, a carne bovina do Brasil tem uma receptividade muito maior dos consumidores árabes e africanos, segundo o diretor da Abiec. “Aqui na Argélia está claro que a população não gosta da carne de búfalo da Índia, que é usada principalmente moída, em embutidos ou mesmo é vendida como carne bovina brasileira”, diz ele.
A missão da Abiec está em Argel participando de uma feira de alimentos chamada Djazagro. Ao longo da semana, os brasileiros terão reuniões com autoridades argelinas e com o serviço veterinário local. A Argélia é o maior país importador de alimentos da África. Cerca de 75% de toda a comida que alimenta os 36 milhões de habitantes é importada.
Entre 2007 e 2009, o Brasil chegou a representar praticamente 90% das importações argelinas de carne. O pico dos embarques foi em 2007, quando 51,8 mil toneladas foram para o país africano. A partir de 2010, as exportações caíram drasticamente, atingindo 7,4 mil toneladas em 2012.
Mas os problemas da carne indiana com riscos sanitários e questionamentos em relação ao respeito ao abate halal (exigido em mercados muçulmanos) estão reabrindo oportunidades para o Brasil. “A Índia deve encontrar cada vez mais problemas desse tipo”, prevê Sampaio. No primeiro trimestre de 2012, as exportações para a Argélia beiraram as 3 mil toneladas, o dobro do embarcado no mesmo período do ano passado.
Além das dificuldades da carne mais barata nesses mercados, os exportadores esperam contar com um câmbio mais favorável ao longo do ano. “Nossa carne está mais competitiva”, diz Sampaio.
Embora a Ásia seja o principal continente em crescimento do consumo de carnes, a África e o Oriente Médio apresentam grande potencial de mercado, sobretudo porque não têm condições de produzir carne suficiente para atender a demanda interna. “Angola, Argélia e mesmo a Líbia, depois de estabilizada politicamente, devem aumentar suas importações, porque são países com recursos que garantem o aumento da renda”, explica o executivo. Petróleo e minérios são as principais riquezas dessas regiões.
Fonte: Agrolink | da Redação