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SP continua como referência

Nos últimos oito anos o diferencial de base nos preços da arroba do boi
gordo entre Mato Grosso e São Paulo é de 14,5%, levando os produtores
mato-grossenses a uma perda estimada em R$ 510 milhões
devido ao frete. O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada
(Cepea), entidade que produz diariamente o levantamento Esalq/BM&F
Bovespa de mercado, afirma que as regras de cálculo da base de
referência do preço médio da arroba do boi gordo em prática não serão
alteradas e que São Paulo continuará sendo referência de preços, visto
ser o estado que mais consome carne bovina no Brasil.

Para os produtores de Mato Grosso, a diferença de preço deveria ser de
4%, uma vez que o Estado conta com o maior rebanho e já não precisa
enviar bovinos a São Paulo para que estes sejam abatidos. Segundo a
Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), o que se quer na
verdade é discutir o diferencial de base e não que São Paulo deixe
de ser referência de preço. Tal discussão, conforme entidade
mato-grossense, tem de ser realizada entre produtores, frigoríficos,
entidades ligadas ao setor e o Cepea.

O Indicador de Preços do Boi Gordo Esalq/BM&F Bovespa é uma média
diária ponderada de preços à vista do boi gordo no estado de São Paulo.
De acordo com o pesquisador do Cepea responsável pelo levantamento
diário, Sérgio Zen, o cálculo de que a diferença de frete entre Mato
Grosso e São Paulo deveria ser 4%, como produtores e a
Acrimat apontam, não está correto. Ele comenta que além do frete, outros fatores influenciam a formação dos preços.

Zen afirma ainda que nenhuma mudança será realizada e que São Paulo
continuará sendo a referência de preços no Brasil, até por ser o maior
consumidor do país de carne bovina e por cerca de 50% da carne exportada
sair de São Paulo.

O superintendente da Acrimat, Luciano Vacari, comenta que, por São Paulo
ser o maior consumidor e as exportações saírem por ele, é justificável
que o estado siga como referência de preços, contudo, o que os
produtores em Mato Grosso não concordam é com a diferença de preço,
"visto que hoje possuímos frigoríficos e o que se envia é a carne e não o
animal vivo como há quase 20 anos se fazia".

"O que queremos é discutir o diferencial de base. Não podemos permitir
que o produtor de Mato Grosso tenha que seguir regras vindas do interior
de São Paulo na hora de vender o seu gado, e tal modelo criado para
compensar as perdas com o transporte de gado até São
Paulo não se justifica mais", diz Vacari. Para ele, a discussão sobre a
questão deve ser feita entre os produtores, entidades ligadas ao setor,
os frigoríficos e o Cepea, "que pode até auxiliar nas discussões".

AUMENTO
Mato Grosso em novembro já registra um aumento de 5% no preço da arroba
do boi gordo em relação a outubro, custando hoje em média R$ 95. A
tendência é que os preços sigam em alta até fevereiro de 2012. Conforme a
Folha do Estado já informou, a valorização deve-se, além das festas de
final de ano, à falta de animais no pasto, confinamentos e
semiconfinamentos, visto que entre julho e setembro mais animais foram
abatidos na entressafra.

De acordo com dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), enquanto foram abatidas cerca de 1,320 milhão
de cabeças de bovinos entre julho e setembro de 2011, no período em 2010
foram 1,081 milhão de cabeças. Já entre abril e junho deste
ano foram aproximadamente 1,159 milhão – o equivalente a um acréscimo de
22,1% a mais que no período em 2010 e 13,8% superior ao segundo
trimestre de 2011, respectivamente.


Fonte: Viviane Petroli/Folha do Estado

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